“Cada vez se lê menos”. Afirmam vozes por aí.

E o que digo eu sobre a biblioteca escolar que giro? Como se encaixa o plano de atividades desta biblioteca nas prioridades da Rede de Bibliotecas Escolares?

SABERES – Impulsionar a criação de serviços e programas que contribuam para o desenvolvimento de hábitos de leitura e da competência leitura multimodal, numa relação intrínseca com a escrita e a comunicação.”

Nesta medida, o Plano de Atividades foi sendo concebido de forma a concretizar estas intenções. Sobretudo numa lógica de permitir aos alunos, leitores em construção, a possibilidade de experienciar leituras.

É inquestionável a importância de “Escola a Ler”, talvez não tanto pelas atividades realizadas, mas pelo carácter institucional do projeto em si. As linhas desenvolvidas pela biblioteca foram; Projeto Pessoal de Leitura; Tempo para ler e pensar e Vou levar-te comigo.

Projeto Pessoal de Leitura – Se acompanhar de perto as leituras de alguns alunos já era usual, nesta dinâmica, o acompanhamento ganhou novos contornos de que resultou um impacto efetivo nos alunos. Se por um lado, houve acompanhamento por parte da professora bibliotecária (PB) de um grupo de alunos, por outro, houve trabalho articulado da PB com a professora titular de Literatura Portuguesa, o que permitiu uma sessão conjunta de partilha de leituras perante uma turma.

Tempo para ler e partilhar – Foram realizadas 25 sessões de leitura e reflexão partilhada de livros e textos da imprensa sobre temáticas variadas ao longo do ano letivo, envolvendo 830 alunos.

Vou levar-te comigo! – Professores houve que trouxeram as suas turmas à biblioteca para ver livros, conhecer autores e requisitar livros. (Se bem que esta requisição em bloco não funcione como desejável com os alunos de secundário.)

 

Promoveram-se sessões com escritores de diferentes géneros e de grupos etários diferenciados, que efetivamente “chegaram” aos alunos.

Dinamizou-se o Concurso Nacional de Leitura e um Concurso de Poesia com número de participações significativas para o habitual nesta escola e com qualidade assinalável. No Clube de Teatro, desenvolveu-se a escrita criativa que se consubstanciou na peça de teatro “Deuses…mas pouco”, representada no Festival de Teatro Juvenil para agrado da assistência. E poder-se-ia ainda referir workshops de leitura ou de escrita que pontualmente se concretizaram.

E os efeitos no movimento da biblioteca?

Para os nossos alunos, ler no tablet não é apetecível, porém, alguns leem nos seus dispositivos. Alguns há que trazem o “seu” livro para ler no espaço da biblioteca, sem no entanto aqui requisitarem.

Algumas das temáticas refletidas nas sessões “Tempo para ler e partilhar” desenvolveram-se na procura e consequente requisição de livros sobre as mesmas, tal como os núcleos de exposição de livros apresentados ao longo do ano foram suficientemente atrativos para espoletar as requisições dos mesmos.

Passou a vir-se à biblioteca como quem vai “ver montras”, i.e., percorrendo as estantes para conhecer os livros e, eventualmente, requisitá-los.

E o resultado em número de requisições?

Considerando que em 2018-19 (o último ano letivo sem imprevistos), os empréstimos rondavam um total de 2950 documentos e estes incluíam 57% de empréstimos de manuais escolares aos alunos dos cursos profissionais, que o uso de dicionários nos testes de Línguas Estrangeiras era recorrente e que a realidade atual com os vouchers para a educação, reduziu para 6,7% o empréstimos dos referidos manuais escolares e a utilização residual de dicionário em sala de aula contribuíram para uma taxa satisfatória (aproximadamente 40% [1])de empréstimos de livros físicos.

Por sua vez, uma análise de conteúdo permite verificar que livros com algumas das temáticas abordadas nas sessões ou títulos sugeridos foram efetivamente emprestados.

“Cada vez se lê menos”. Afirmam vozes por aí.

Não nos parece.

Helena Espírito Santo

[1] – ao longo deste ano letivo, procedeu-se à alteração do software de gestão da coleção o que poderá ter originado algumas falhas no número de registos.